terça-feira, 10 de agosto de 2010

Que Possamor Ser Duros!

Sejam Duros!


Sejam duros! Eis a lei que a ilusão do conforto e a fé demasiada nos fez esquecer. Lei que até o animal mais pequeno apreende no primeiro contato com as adversidades do mundo. Parece-me que todas as síndromes piscológicas que marca o nosso tempo advém do esquecimento dessa lei. Nossas camas macias nos fez desamprender a lidar com os maus sonos. A magia da televisão, que se define pela a possibilidade de levar-nos a experimentações do mundo sem seus riscos característicos, e sendo assim, nem uma experimentação de fato, desviam o nosso olhar da imagem pouco novelesca que se mostra no abrir da janela. A ciência ainda nos ilude quanto ao nosso lugar no Cosmos. Diante disso acreditamos que o universo e o mundo com as suas leis duras e desumanas, existem para servir os nossos caprichos e nos chateamos muito porque choveu hoje. A fé demasiada que insiste em se iludir que as coisas que compõem o mundo nunca irão nos sorrir, tais como: dor, doença, morte, tristeza, frustações, injustiças, Nãos, traições, ou seja, tudo o que há e que o nosso capricho egocêntrico diz que não existe só para nós.
Sejam Duros é o que a realidade inconteste do mundo e do universo nos quer lembrar. São os nossos caprichos e a demasiada importância que nos damos diante da insensibilidade absoluta do universo que gera toda a espécia de síndromes. Pensemos na síndrome do pânico, o medo paralisante diante da violência do mundo. Penso que só se ilude com a não-violência do mundo quem nunca olhou para a lei de sobrevivência que cria e destrói o tempo todo, as formigas deviam ser nossos terapêutas. Por fim, ser duro é o pedido afirmativo, um esforço poético e alegre do Amor Fati Nietzscheano. Sim, eis a vida meus amigos: esse desconforto e conforto, essa dor e alívio, essa brisa e tempestade, esse abraço e esse tapa, esse riso e essa lágrima, essa chuva e essa tempestade, esse verde e essa seca, esse mar e esse deserto, essa luz e trevas, esse imenso universo e a nossa mesquinha vontade. Se ao menos tivéssemos o olhar histórico-biográfico sobre nossas mazelas, não nos levaríamos tão a sério, pois quantas vezes já nos dizemos que não suportaríamos mais e aqui estamos. Digo sim a vida e sorrio a alegria da dor que me assola,pois os mortos não sentem dor!


Alegria. Alegria!

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Torna-te quem tu és em todas as formas de sentir







"As vivências mais nossas não são nada Tagarelas"...Nietzsche.

Aprender a me silênciar diante do que a mim se apresenta como incrível tem sido uma grande guerra. Quantas vezes, algo se deu com tamanha dimensão aos nossos ólhos ciumentos e que nos foi imperativo compartilhar tal incrível, e a pessoa que nos ouve descontrói com seus sons ou com sua face o nosso estado de torpor? Nos diz: é isso que te emociona? Tentar explicar nesta hora é loucura. A nossa experiência só o é incrível, porque atrás de si tem todos as cicatrizes dos nossos anos vividos, a foça das nossas ilusões e tudo o que fizemos e deixamos de fazer, o modo único pelo o qual sentimos, os entusiasmos únicos de nossa existência. Aí, porque nós somos nós é que uma situação nos é tão aprecível. Ora, esta unicidade que se mostra nos nossos paladares é factual em todas as nossas experiências.
Hoje aprendi a rir quando alguém me oferece um segredo de dieta ótimo que a/o fez emagrecer. Mesmo com toda a boa intenção, ela ou ele pressupõe neste ato que o seu organismo fisíco e mental é o mesmo que o meu e a sua experiência feliz pode ser moralizada e se tornar lei. Não é assim que funciona, cada um tem seus dentes, cada estômago possui sua velocidade, cada veia tem a sua expressura, cada garganta o seu abismo, logo, nós homens somos únicos, e não moralizáveis. Tal tentativa moralizante recai também nos sentimentos, e nos obrigamos a amar igual, a sentir igual, a dar igual tonalidade aos diversos conceitos que nos apresentam. Eu por exemplo, tenho uma amizade bastante incomum e havia de ser, já que eu e o meu amigo somos únicos, logo o tipo de amizade que nos cabe é fruto da unicidade dos seres que se relacionam, da idade que se relacionam, das experiências que tiveram , e mais, mais, mais vairantes únicas.
A forma como me deixa feliz uma amizade, é a minha forma que se forma sobre dois tabuleiros distintos. E assim, é-me sempre forçoso explicar quando me indagam: Que tipo de amizade estranha é a sua? parece com isso, ou aquilo e tem um pouco daquilo naquilo, o que é? E nessas horas, quando me lanço a sandice de explicar as pessoas, todas de forma inconsciente, vão nos seus arquivos históricos mentais procurar vivências, nomes, conceitos, sentimentos que codificam o que eu lhes disse. Loucos! Não se parece com nada, não é verossemelhante a nada, é a minha amizade, ha sempre que se inventar palavras novas pras vivências únicas quando se tem vontade de poder suficiente, quando a persona si impõe sempre aos conceitos o poder da sua individualidade criativa.
Enfim, amigos meus, aprendeis a silênciar quando algo si apresenta a vós com ares divinos, pois podeis ver se tornar ruínas o maravilhoso. E compartilhar esses momentos únicos é correr num risco tão grande - o de ver ruir o maravilho - que só quando se si eleva em desprezo é que podemos fazer isso, como diria o grande Nietzsche. Aos demais, não tente me conceituar, me definir, eu sou eu e já o é tão difícil sê-lo neste mundo que cultua o nós, a mistura, a comunidade e que a cada dia se "arrebanha" mais e perde dentro de suas caricaturas feitas em série o seríssimo, doce e misterioso singular indivíduo. Acima de tudo lhes peço: Não me confunda!

Para finalizar, eis o poeta:



Segue o teu destino
Rega as tuas plantas
Ama as tuas Rosas
O resto é a sombra
De árvores alheias

A Realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos
Só nós somos sempre
Iguais a nós próprios

Suave é viver só
Grande e Nobre é sempre
Viver simplesmente
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos Deuses

Vê de longe a vida
Nunca a interrogues
Ela nada pode Dizer-te
A resposta está além dos Deuses

Mas serenamente
Imita o Olimpono no teu coração
Os Deuses são Deuses
Porque não se pensam.

Fernando Pessoa

quinta-feira, 7 de maio de 2009

40 dias e 40 noites!






Naquele dia, o céu ficara escuro cedo. Ventava-se muito, o vento cantava como nunca antes. As árvores eram dobradas pela a força do vendo, os animais se escondiam, meu cachorro uivou como se estivesse gritando a sua angústia. Sim, toda a Terra sentia o que a precedia e chorava. Lamentava-se em todo o canto a dor dos que pré-sabem da sua própria morte.
Meus filhos, brincavam no quintal quando o primeiro raio iluminou o céu. Paola aos 7 anos, entra correndo e se agarra aos meus pés. Seus olhos revelavam o medo. Bruno, como o homenzinho da casa também morria de medo, mas fingiu bem a coragem, fazendo seguir a tradição de que o homem precisa dar proteção e não recebe-la. Minha linda esposa preparava um bela sopa. Todos sabíamos que o tempo iria fechar e em dias de chuva nada melhor do que uma boa sopa e uma boa brincadeira em família no chão da sala.
As primeiras gotas caíram lá pro final da tarde. Botei o cachorro pra dentro e tirei do varal algumas roupas secas. Algo parecia errado. Ao contrário de todas as outras chuvas, as plantas não me pareciam agradecidas com as gotas que se precipitam dos céus. Mas enfim, entrei, jantamos, brincamos e fomos dormir.
Quando acordo vejo que a chuva não diminuíra e nem dera nenhuma trégua. No quintal já se faziam as primeiras lamas, os rios já corriam apressados e inchados e o céu mudou de cor, estava numa mesclagem de preto e rocho. Raios era a todo o momento, canções dos céus e silêncio na vida da Terra, algo estava pra acontecer. Três, quatro, cinco dias de chuva direito. As crianças já não saíam mais, as lágrimas nos seus olhos pareciam querer competir com a chuva que caía. Minha esposa pouco falava. Seu silêncio parecia-me um pedido de desculpas...
Os móveis já estavam sendo colocado, em lugares mais altos. O chão da sala já não era mais visível. As crianças estavam encarceradas no quarto de cima. O estoque de comida já estava acabando. Vira e mexe Paola me fazia doer o coração com suas reclamações de fome. Nossa família perdera o sorriso e só a angústia, o pavor e o cheiro de morte pairava nas ruas. E mais dias se passavam com chuva, muita chuva.
Minha mulher grita. Corro com as lágrimas advindas do desespero de já se saber as frases contidas no grito. Paola morrera. Não suportara a fome. Minha esposa chorava, meu coração dilacerava, meu filho ficava mais magro, minha esperança, meus sonhos tinham se transformado em pó. Para a minha filha não se possibilitara nem um enterro, pois, do lado de fora a água já havia tomado todo o chão.
Na minha casa já nada se falava, já nada se sorria, já se esperava a morte, já se queria o fim. Acordo com águas no terceiro andar e pego meu filho muito doente no colo. Minha esposa junta o resto do pão e subimos pra laje da casa. Já era só água o que se via. Não havia mais árvores, barcos por todo lado, corpos boiavam: animais, homens, crianças, senhoras jaziam mortos sobre as águas. Alguns nadavam, outros brigavam para entrar nos barcos, a chuva caía, caía... e os choros já sobressaíam o desabafo dos raios.
Meu filho olha pra mim. Minha esposa somi. Vou para a parte dos fundos da laje e vejo minha esposa morta. Suicidara-se com um pedaço de pano. Um mulher adornada sempre de perfume não poderia suportar o cheiro de morte. Uma mãe não suportaria ver morrer seus filhos.
Meu filho pergunta pela a mãe e eu suporto minhas lágrimas. Escondo a minha dor e digo que ela estava ocupada no banheiro. Abraço o meu filho apertado, respiro uma, duas, três vezes. E bato em sua cara para ele desmaiar. As águas já não nos deixara espaço na laje. Jogo-o no novo mar que surgira e pulo logo atrás. Afundo abraçado com meu filho. Espero calado a morte chegar também a mim. Disputo lugares entre os corpos que se desmanchavam nas águas. Vejo minha visão embaçar e fecho os meus olhos. Penso na minha família reunida, no meu cachorro que morrera, nos meus filhos, vizinhos, amigos, nos meus sonhos e morro abraço com meu filho.
Dizem que chovera quarenta dias e quarenta noites. Que alguém fizera aquilo por que a humanidade havia se perdido e que aquilo se chamava justiça. Aos meus filhos, as crianças do mundo todo fizera-se justiça. No fim todos boiaram mortos, exceto uma família todos os seres humanos morreram. Mas o que se diz sobre o silêncio da morte, o céu escuro, o cheiro do fim, as milhares de milhares de carnes mortas sobre as águas? é que os dias de pânico que minha família viveu foi no fundo, um ato de justiça feito por aquele que conhece todas as coisas antes de elas possam acontecer, aquele que tem todo o poder , o que tem misericórdia eterna, paciência infinita, ama a Terra mais do que ela junto poderia amar. Sim, no fundo não há o que reclamar foi tudo em favor do Bem e do Amor....Chama-se esse episódio de : Dilúvio.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Espada No Dragrão


Sou testemunha de um milagre de Cristo, vejo o crucifixo tornando o oprimido pacífico.

A fé em dose cavalar, anula o espírito de guerra aceitar a dor pra carne pra ser feliz na vida eterna.

Só essa tese explica a ausência do grupo guerrilheiro com bomba incendiária pra libertação de preso.

È um milagre o Carrefour não ser saqueado, as arvores do Ibirapuera não ter rico enforcado.

Todo dia no avião pagador não ter ação. ouro em barra na mão, para quedas pra tripulação.

O político na autopsia ter água no pulmão sinal que jogaram de braço amarrado pra natação.

Meu ponto de vista é sincero e dá processo, quer palanque? Dá o martelo e Pla no meio do cérebro.

Irônico trágido, povo em 2º em compra de jato, não consome as calorias pra uma vida saudável.

Tudo é válido onde quem faz filme pornográfico, vira rainha e tira o material do mercado.

O calcanhar de Aquiles do pobre é a educação, imagina o mendigo compreendendo a constituição.

Ia pro instituto de zoonoses uma pá de magnata, morrer na câmara de descompensação igual a vira-lata.

Não ouvi da boca de Jesus para eu dar a outra face, prefiro crer que ele me queira gladiador, não covarde.

Você não honra a dor da coroa de espinhos, a palavra sagrada é munição, não é exílio.

A carne furada com prego na crucificação, merece mais do que prece e joelho no chão.

A bíblia não é escudo, é manual pra libertação, siga o exemplo de São Jorge, espada no Dragão.

Não espera a justiça do homem ela é podre, é cega, queria dar Nobel pro Bush, que promove a guerra.

O inimigo destrói sua célula, sua herança genética, dá o padrão da sua linha de montagem perversa.

O peso, a altura, o modo que você raciocina, consequência da dieta sem proteína.

Lembra o tempo da escola, na prova o zero, você não era burro, faltou leite materno.

Quase entrou nas 9% de crianças desnutridas, que morrem antes de um ano de vida.

O refém no cativeiro não é vingança, dão um deles pra pm estraçalhar nossas crianças. Põem carteira, plantam arma, pólvora na unha, depois lavram o BO com umas 20 testemunhas.

Até a planta da sua casa é do arquiteto inimigo, compensado, brasilite, barro como piso.

Seu filho, se pá, vai degolar a professora, cadê o material? Ouve toda mão que vai na lousa.

Nem com morte cerebral, esperando o off do aparelho, o colecionador de Ferrari te doa um fio de cabelo. Jesus já fez sua parte, furaram com prego sua mão, em tempo de guerra a Kalishnicove e a oração.

Você não honra a dor da coroa de espinhos, a palavra sagrada é munição, não é exílio.

A carne furada com prego na crucificação, merece mais do que prece e joelho no chão.

A vida é rinha de pit bul, onde poodle não sai vivo, foco de incêndio onde não chega a escada magirus.

Mesmo rico daqui visto no exterior como Tarzan e Xita, quer seu corpo no carro de mão na BBC, sendo notícia.

No Piquet que derruba secretário, é o dos 29 presídios simultaneamente rebelados.

So temem o preso com estratégia guerrilheira que abala as coluna do prédio da Bovespa.

Enquanto se escondem atrás da bíblia, do terço, votam o projeto pra idade penal começar no berço.

O negro que protesta pela sua cota na faculdade, termina enforcado na carceragem do Depatri.

Papai que isso preto no feijão do meu prato?È fezes de rato, tira ai com o garfo.

Essas horas ter feito química seria bom, pra jogar no Morumbi uma bomba de um megaton.

Quando arrancarem olho pra leitora biométrica, não por arroz na panéla, como um golpe de estado da favela.

O português que rouba nossa terra até hoje, não vai mais derrubar barraco pra montar campo de golfe.

Não vou por emblema da telefônica no palio, de crachá entrar na mansão com 171 nos empregados.

Minha aprovação pro céu, talvez seja no banco dos réus, por que alojei no opressor um projétil de imbel.

Você não honra a dor da coroa de espinhos, a palavra sagrada é munição, não é exílio.

A carne furada com prego na crucificação, merece mais do que prece e joelho no chão.

sexta-feira, 1 de maio de 2009



Silêncio que me toma!


Hoje pediram-me para justificar-me diante do meu próprio silêncio. Como se o manter-se calado não estivesse no âmbito da normalidade. Ainda mas quando pessoa que silencia sou eu. Um des-equilibrado, que em muitas das vezes fala demais por não ter nada a dizer. Fala demais por sentir uma certa agonia nos olhos daqueles que não suportam o silêncio, fala demais pois, sente em si uma necessidade absurda de fazer as pessoas gargalharem.

Parece-me quase um crime, quando uma pessoa está comigo e não mostra o dentes. Isso acontece, quando a intimidade é pouca, desde pequeno aprendi que a intimidade é proporcional a quantidade de silêncio que você consegue manter ao lado da pessoa e ao mesmo tempo ter profundos diálogos com ela, sem que você se sinta forçado a falar .


Quando o social te coercitiva a falar, faz-me lembrar da perspectiva que percebe a língua como fascista. A língua se torna fascista, quando te obrigar a “materializar” verbalmente e de forma coerente o seu mais profundo sentimento. Quando somos obrigados a codificar nossas lágrimas em palavras e de preferência que tenha um encaixe coerente com os nossos conjuntos de motivos que legitimam uma lágrima como: lágrima de verdade, lágrima sem motivo, lágrima de palhaçada, ou lágrima de novela. Facilita o controle e o nosso estado de segurança, diante o já conhecido, o óbvio.


Pelo o catálogo comportamental psicológico popular a coisa se desenrola mais ou menos, assim:

Se você estiver em silêncio, este remeterá a uma tristeza proporcional (uma sociedade baseada no barulho ver no silêncio a marca inquestionável da anormalidade e da tristeza), depois vem a curiosidade e até a preocupação em querer te ajudar acabará por te obrigar a codificar esse seu (silêncio/tristeza) em palavras, pois, essas serão comparadas ao sistemas de indícios causadores de tristeza do tipo da sua, para enfim começarmos um tratamento.

Isso é loucura, os momentos de silêncio são precisos e preciosos e são normais, quando se pensa que só existe fala porque há silêncio. Além do mais, o silêncio além de ausência de barulho, coisa que para a nossa sociedade é ligada diretamente a uma questão depressiva, o silêncio lembra auto-reflexão, coisa que também a nossa sociedade da distração e dos eventos não prefere muito.

Enfim, só escrevo isso para pedir que me deixem calado, curtindo o meu só, meu próprio e que isto não necessariamente remete a tristeza. E que as vezes não se quer compartilhar a tristeza e sim só se quer um abraço. Que as vezes, não dá pra falar do que se sente e nem todo o esforço seu, poderá enquadrar o teu sentir (muitas das vezes não sabe nem daonde veio) em códigos conceituais e suas generalizações. E também, deixemos de ver a tristeza como algo a-normal e ruim, este sentimento está no bojo do que se chama vida, ele é normal, também é viver e pode ser muito fecundo.

Se por acaso eu achar que a dor é demais, eu canto. Só cantando se manda a tristeza embora.

Ontem estava triste, e não sei nem porque, são tantas forças que operam no desejo....

E além do mais, concordo com Schopenhauer quando este diz que, não podemos ter uma vida feliz, no máximo o que podemos ter é uma vida heróica!

beijos

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Extra-celeste e Extra-terrenos

Extra-celeste e Extra-terrenos


No feridão da Páscoa, sobre um pedido de um amigo, sobre uma fatídica curiosidade e sobre uma possibilidade do novo, fui-me ajudá-lo na filmagem de um congresso evangélico. Lá, enquanto lia o Pornô Político de Arnaldo Jabour, ajudava-o, ao ponto que também participava como telespectador daquele acontecimento religioso bastante rico em detalhes. Ao mesmo tempo que minha mente divagava saudosamente sobre um passado onde eu comungava da mesma cosmovisão, ela se sentia isolada, em algum lugar-outro. Como um chinês perdido numa tribo indígena, como um vascaíno deixado para atrás no meio da torcida do flamento, ali estava eu.
Lá estava eu, ou melhor lá era Eu o símbolo de tudo que eles não queriam ser, era Eu lá o retrato-falado de toda uma criminalidade horrível, um pecador, um mundano, um usado pelo o inimigo da Vida. Contrapondo a isso, eles também eram tudo aquilo que já fui e que hoje em certa medida desprezo, des-valorizo. Ou seja, éramos o Árabe e o Norte Americano um do outro.
Eles eram um fruto podre da história pra mim, um tipo fraco psicologicamente, um objeto de estudo antropológico, um povo da Idade Média, perdidos no tempo e do Espaço. Eu para eles, era fruto de um Mundo perdido, fruto de uma Des-crença demoníaca, um usado pelo o Satanás, um pecador , um inimigo do Povo de Deus, logo, um inimigo do Bem, do Bom, do Perfeito. Eu era um mundano e um extra-celeste, pois, o céu não pertencia ao tipo que represento pra eles e eles eram os extra-terrestres, pois, se auto-definem como cidadãos do reino do céus, santos, puros. A terra é maldida, já no início dela o Homem já a transforma em lugar de dor, de sofrimento ao comer o fruto proibido e o céu é o Lugar aonde as coisas são perfeitas, onde a paz é real, onde o amor vigora, onde a morte tá morta, onde a Vida é mais Vida.
Me penduro na grade e olho todo aquela catarse religiosa. Olho com certa desconfiança, com certo prazer ( como quem olha um peça de teatro, um tipo representativo humano), com certa saudação ( pois, já fui o “escolhido de deus”), com certo nervosismo. Olho do lado de fora do culto, olho de lado de fora daquela vida, olho do lado de fora dos escolhidos, olho do lado de quem sofrerá eternamento, olho do lado de quem a morte mata, olho do lado de quem não tem milagres, olho do lado de quem a vida é do cão, olho do lado de quem tava sozinho diante do “povo de deus”, era um que não pertencia ninguém, eles eram “povo de deus”. Milhões de sensações me invadem e a que se torna mais sólida é que o Mundo só tem maluquice!
Mas enfim, cheguei a conlusão que eles são legais, são inocentes e são cruéis. Nós, “homens da razão”, céticos, descrendes, amantes da interrogação, também somos legais, inocentes e cruéis. Somos todos, como diria Nietzsche, humanos demasiadamente humanos, carentes, solitários, frágeis, bichos que procuram explicações sobre o quê somos, sobre o que é a Vida, sobre pra aonde vamos, e sobre de onde Viemos.
Somos, Humanos demasamente Humanos e só.
Que haja amor, vida, que possamos respeitar o outro, a sua limitação, a sua devoção, a sua carência, a sua construção, o seu deus e a sua escritura! Que o homem e que a vida seja maior que a lei ou as crenças, como diria Jesus. Que possamos nos proteger como disse Malcom X, que possamos tranformar o Mundo como disse Marx, que possamos respeitar o lugar do outro!

Abraços de um ex-crente e de um novo...

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Deus é legal. Mas a culpa é de quem?

Certa vez perguntado a um filósofo francês ateu qual seria o problema da humanidade sua resposta teve um quê de surpresa para platéia que lhe ouvia admirada, ele disse: o problema é descobrir se Deus existe ou não, pois, existindo Deus existiria um jeito certo de se viver. Pois, quem cria, cria pra uma finalidade, pra um propósito, pra um objetivo.

Hoje não mais concordo com esse filósofo. Dizer que o problema do homem se detém na existência ou não de Deus, desse Ser que É, mas É fora do homem é uma transferência de responsabilidade. Deus É pra fora do tempo e do espaço, dimensões que estamos submetidos.Assim sendo, dizer que o problema humano seria descobrir se existe algo pra fora dessas dimensões espaciais e temporais ,da qual somos prisioneiros, é tirar do homem a sua responsabilidade e fazê-lo um mero telespectador da história. Pensar em um Deus criador, é pensar a priore num objetivo, numa finalidade.

Ninguém imaginaria o criador do relógio, criando-o sem ter um objetivo em mente. “Determinismo criativo”, que no caso divino estará condenado a se realizar, já que sendo Deus o TODO PODEROSO, seus planos não poderiam não se cumprir. Logo, os homems estariam condenados ao plano de Deus, ou seja, nós seríamos vítimas dessa plano por determinação e não construidores da nossa história. Nós estaríamos isentos de certos juízos, aliás, se existe um plano maior do que nós ninguém poderia me dizer que o papel que atuo na vida, não é algo determinado pelo o Criador. Pensando ainda numa profética apocalíptica as coisas ficam piores ainda, pois, o Mundo se destruirá socialmente e nada posso fazer. Não seria louco de tentar melar o plano de Deus. Logo, deixa acontecer naturalmente como foi escrito.

Por questão de responsabilidade e de se colocar o homem no seu devido lugar diante da História. Lugar de construtor, de autor, de criador de sua realidade, não deve existir Deus. Mesmo havendo qualquer tipo de Absoluto, viver sobre uma idéia de Deus com vontades, é tirar de nós a responsabilidade diante as nossas malezas e conquistas.

Tomando como base teórica o existencialismo do senhor Sartre, o Homem concebido por esse tipo de humanismo, não é passível de uma definição porque, de início, não é nada: só posteriomente será alguma coisa e será aquilo que ele fizer de si mesmo. Pois, não existindo Deus e um objetivo inerente ao homem, a existência da realidade humana, como diria Heidegger, precederia a essência.O Homem seria algo que se definiria ao longo das suas escolhas e construçãos de si mesmo. Não existiria essência de homem, antes da existência. Como não existe pintor sem quadro, não há essência de pintor no homem que nunca fez quadro, ele se transformará pintor, pintando.

Segundo Sartre e o existêncialismo, somos seres totalmente livres. O único ocorrido que estaria pra fora de nossas escolhas seria o Nascimento. Após existente, nós estaríamos completamente livres para construímos nossa essência. Existência precedendo a essência e a liberdade total são os pilares.

A liberdade se fundamenta na escolha, pois, sobre qualquer influência e sobre qualquer circunstância, sempre será imposto a nós, a nossa liberdade de escolher entre uma atitude e outra, logo, não há desculpas diante nenhum ocorrido. Alguns, poderiam argumentar que foram as circunstâncias que o obrigaram a fazer isso ou aquilo. Isso é fulga e covardia diria Sartre, pois, com contigências históricas a favor ou contra, você decidiu no final de tudo e além do mais, querer um mundo sem circunstâncias é querer um não-mundo. Ou seja, somos livres, contrutores com total responsabilidade sobre o nosso destino e história. Agravando esse gerador de angústia. Quando o existêncialismo afirma que o homem se escolhe a si mesmo, ele também está afirmando, que ao se escolher ele também escolhe todos os Homens:

“De fato, não há um único dos nossos atos que, criando o homem que queremos ser, não esteja criando simultaneamente, uma imagem do homem tal qual julgamos que ele deve ser. Escolher ser isto ou aquilo é afirmar, concomitantemente, o valor do que estamos escolhendo, pois, não podemos nunca escolher o mal; o que escolhemos é sempre o bem e nada pode ser bem pra nós sem o ser para todos.” ( Sartre, Paul – Existencialismo é um Humanismo – pág...).


Quando estou apaixonado, querendo ter filhos e me caso, apesar da aparência de um escolha individual, estarei escolhendo o homem na trilha da monogamia. Assim, nossa responsabilidade é total, pois, quando trilho uma estrada, estou reforçando um caminho para o Homem.

Enfim, é nossa a responsabilidade de construir uma “essência humana” e uma realidade social. Sobre o peso da responsabilidade que somos assim, porque escolhemos ser assim. O sistema é construção humana, o capitalismo não é um fantasma é uma opção organizacional do homem. A Vida não está determinada e nem pré-determinada por nenhum Absoluto. Logo, o apocalipse virá se escolhermos por ele. Somos livres, e podemos Re-criar um mundo mais igualitário. Saiba, que quando a violência lhe ocorrer, você também a plantou, ela também é fruto dos seus atos ou omissões, logo, se recrie como quiser, mas nunca esqueça que somos livres, com uma possibilidade infinita de existência e não há desculpa. Deus não tem culpa, seus pais não tem culpa, o Brasil não tem culpa, o Capitalismo não tem culpa, o Diabo não tem culpa, a Culpa é sua, é nossa, é do tipo Humano que escolhemos quando nos escolhemos, quando agimos livremente.

Não há nenhum Alguém Determinador, somos Livres!

Não é o que fizeram conosco que importa e sim, o que agente faz com o que fizeram conosco. Jean Paul Sartre