quinta-feira, 9 de abril de 2009

Deus é legal. Mas a culpa é de quem?

Certa vez perguntado a um filósofo francês ateu qual seria o problema da humanidade sua resposta teve um quê de surpresa para platéia que lhe ouvia admirada, ele disse: o problema é descobrir se Deus existe ou não, pois, existindo Deus existiria um jeito certo de se viver. Pois, quem cria, cria pra uma finalidade, pra um propósito, pra um objetivo.

Hoje não mais concordo com esse filósofo. Dizer que o problema do homem se detém na existência ou não de Deus, desse Ser que É, mas É fora do homem é uma transferência de responsabilidade. Deus É pra fora do tempo e do espaço, dimensões que estamos submetidos.Assim sendo, dizer que o problema humano seria descobrir se existe algo pra fora dessas dimensões espaciais e temporais ,da qual somos prisioneiros, é tirar do homem a sua responsabilidade e fazê-lo um mero telespectador da história. Pensar em um Deus criador, é pensar a priore num objetivo, numa finalidade.

Ninguém imaginaria o criador do relógio, criando-o sem ter um objetivo em mente. “Determinismo criativo”, que no caso divino estará condenado a se realizar, já que sendo Deus o TODO PODEROSO, seus planos não poderiam não se cumprir. Logo, os homems estariam condenados ao plano de Deus, ou seja, nós seríamos vítimas dessa plano por determinação e não construidores da nossa história. Nós estaríamos isentos de certos juízos, aliás, se existe um plano maior do que nós ninguém poderia me dizer que o papel que atuo na vida, não é algo determinado pelo o Criador. Pensando ainda numa profética apocalíptica as coisas ficam piores ainda, pois, o Mundo se destruirá socialmente e nada posso fazer. Não seria louco de tentar melar o plano de Deus. Logo, deixa acontecer naturalmente como foi escrito.

Por questão de responsabilidade e de se colocar o homem no seu devido lugar diante da História. Lugar de construtor, de autor, de criador de sua realidade, não deve existir Deus. Mesmo havendo qualquer tipo de Absoluto, viver sobre uma idéia de Deus com vontades, é tirar de nós a responsabilidade diante as nossas malezas e conquistas.

Tomando como base teórica o existencialismo do senhor Sartre, o Homem concebido por esse tipo de humanismo, não é passível de uma definição porque, de início, não é nada: só posteriomente será alguma coisa e será aquilo que ele fizer de si mesmo. Pois, não existindo Deus e um objetivo inerente ao homem, a existência da realidade humana, como diria Heidegger, precederia a essência.O Homem seria algo que se definiria ao longo das suas escolhas e construçãos de si mesmo. Não existiria essência de homem, antes da existência. Como não existe pintor sem quadro, não há essência de pintor no homem que nunca fez quadro, ele se transformará pintor, pintando.

Segundo Sartre e o existêncialismo, somos seres totalmente livres. O único ocorrido que estaria pra fora de nossas escolhas seria o Nascimento. Após existente, nós estaríamos completamente livres para construímos nossa essência. Existência precedendo a essência e a liberdade total são os pilares.

A liberdade se fundamenta na escolha, pois, sobre qualquer influência e sobre qualquer circunstância, sempre será imposto a nós, a nossa liberdade de escolher entre uma atitude e outra, logo, não há desculpas diante nenhum ocorrido. Alguns, poderiam argumentar que foram as circunstâncias que o obrigaram a fazer isso ou aquilo. Isso é fulga e covardia diria Sartre, pois, com contigências históricas a favor ou contra, você decidiu no final de tudo e além do mais, querer um mundo sem circunstâncias é querer um não-mundo. Ou seja, somos livres, contrutores com total responsabilidade sobre o nosso destino e história. Agravando esse gerador de angústia. Quando o existêncialismo afirma que o homem se escolhe a si mesmo, ele também está afirmando, que ao se escolher ele também escolhe todos os Homens:

“De fato, não há um único dos nossos atos que, criando o homem que queremos ser, não esteja criando simultaneamente, uma imagem do homem tal qual julgamos que ele deve ser. Escolher ser isto ou aquilo é afirmar, concomitantemente, o valor do que estamos escolhendo, pois, não podemos nunca escolher o mal; o que escolhemos é sempre o bem e nada pode ser bem pra nós sem o ser para todos.” ( Sartre, Paul – Existencialismo é um Humanismo – pág...).


Quando estou apaixonado, querendo ter filhos e me caso, apesar da aparência de um escolha individual, estarei escolhendo o homem na trilha da monogamia. Assim, nossa responsabilidade é total, pois, quando trilho uma estrada, estou reforçando um caminho para o Homem.

Enfim, é nossa a responsabilidade de construir uma “essência humana” e uma realidade social. Sobre o peso da responsabilidade que somos assim, porque escolhemos ser assim. O sistema é construção humana, o capitalismo não é um fantasma é uma opção organizacional do homem. A Vida não está determinada e nem pré-determinada por nenhum Absoluto. Logo, o apocalipse virá se escolhermos por ele. Somos livres, e podemos Re-criar um mundo mais igualitário. Saiba, que quando a violência lhe ocorrer, você também a plantou, ela também é fruto dos seus atos ou omissões, logo, se recrie como quiser, mas nunca esqueça que somos livres, com uma possibilidade infinita de existência e não há desculpa. Deus não tem culpa, seus pais não tem culpa, o Brasil não tem culpa, o Capitalismo não tem culpa, o Diabo não tem culpa, a Culpa é sua, é nossa, é do tipo Humano que escolhemos quando nos escolhemos, quando agimos livremente.

Não há nenhum Alguém Determinador, somos Livres!

Não é o que fizeram conosco que importa e sim, o que agente faz com o que fizeram conosco. Jean Paul Sartre