terça-feira, 7 de abril de 2009

Recomeço





Canto hoje todos os amores perdidos e pedaços repartidos que deixei cair
Encanto, todo o lamentar, transformando toda mágoa em sorrir
Vivo o reverso dos meus versos tristes
Sigo sobrevivendo até aos romances de Agatha Christie

Recomeço, sim é o preço de quem está condenado a eternidade

Sento na minha varanda e de frente vejo as casas amontoadas
Desce uma menina com uma calça amarrotada
Se atrevendo a parar, interpretando um disfrace
Ouvindo o som do meu violão e a força do meu olhar, lhe doura a face

Medo, sim, ainda sofro de tais humanidades

Na companhia dos mortos, sigo lendo os grandes pensadores
Me refazendo grandeza, em meios a tantos sonhos frustrados e dores
Olho pro céu, sem esperanças de ir pra lá, pois, ainda não aprendi a voar
O Homem é angústia, diz a voz de Sartre em meus ouvidos esquívos

Receio sim, mas nunca desvio de nenhuma Verdade

Mas o que me importa o que o homem é, vejam o que fiz
Uma canção de amor que fez de um espírito feliz
Escutem! Óh, demasiadamente humanos essa é a voz do Profeta
Desdobro o reverso dos meus versos, de modo complexo tão pouco perplexo, sou poeta

Você sim, guarda o nome da minha saudade

E preciso de pouco, talvez só da imaginação de um louco pra escrever
E de cada corte, remodelando as partes, recrio a arte e remonto você
Sim, você que já esqueceu de mim, que não me disse sim, quando lhe propus
Você que fez de um clássico, as notas descabeladas do meu blues

Jonathan

Sem-lugares pro amor - um poema escrito com sangue

Gotas de sangue, na caneta acabou a tinta, escrevi com meus glóbulos sanguíneos...bem retilíneos, são os versos...me deixou perplexo, não sabia que guardava em mim, tais frases e sentir..mas após, escrito deu vontade de chorar mas consegui sorrir....Jonathan




Sem lugares pro Amor

Perguntaram-me se sofro de paixão e achei uma tolice
Me desfiz do lugar que outrora servia de abrigo a essas mesmices
Sim. Desfiz-me do meu coração. Deverás encontrá-lo em algum lixo
Foi por tanto amar que ele perdeu seu capricho
Solitário e longe do meu corpo ele ainda deve bater seus blues
Lembrando dos ólhos dá que lhe setenciou tal destino, lindos azuis


Mas hoje eu achava que nunca o veria mais
Que uma vez no lixo ele me deixaria em paz
Percebi que sua marca é profunda e lhe sobraram partes na pele e no fio
A saudade me fez eletrizar, delirante arrepio. Roupante de dor
E eu que achava que tinha me desfeito do último esconderijo do amor

Terei que cortar a minha pele? Matar-me Pra matar o amor?
Não há pintor que suporte ver seu quadro sem cor
Hoje a lua me deu sua luz e fui seu semelhante
Meu sol se esfriou em outros mares, mais aconchegantes

Não houve estrelas cadentes no meu céu, nem girei orbitrando em ninguém
Olhei de longe, um olhar me fitava com desdém
Mas, se por acaso, achares meu coração em alguma caçamba lotada
Verás nele partes suas, pois, ainda se mantém em carne viva as suas facadas

Me disfarei da minha pele, meu espírito já não quer lhe guardar na minha casa
Meu corpo te rejeita mas ainda escrevo como quem declara por avesso
Já não lhe pertence: meu coração, minha alma e o meu esqueleto.

Jonathan